quarta-feira, 16 de setembro de 2009

QUIMERA

Tudo que eu ouvi das mais distantes adagas que feriam povos e seqüestravam sonhos, dos mais loucos devaneios, da mais intrínseca quimera perpetuada nas civilizações, não é nada que eu tenha provado ou sequer presenciado nesse mundo de ilusões. As têmporas das antigas estações, os vastos oceanos de feras intangíveis e as promessas de absolvição, assim como as histórias que li nos livros, fazem me crer que nada mais nos resta que o lapso da vida, a fração do segundo, a insignificância da passagem e a melancolia do tempo. A sobriedade do dia a dia me leva ao tédio, bloqueia a minha mente como a mais feroz das drogas, me faz esquecer vôos mais altos. Sinto frio, avisto uma enseada numa distante tarde de verão, mas agora enxergo apenas mais um dia cinza e a anestesia das noites inúteis em que fiquei tratando de coisas imprecisas e de caminhos que não eram os meus. Isso realmente mexe com o meu centro, mexe com a minha verdade variavelmente precisa em relação aos dias em que almejei o impreciso, mas com verdadeiro sentimento. Eu sinto fome, eu preciso de comida. Eu quero sair e me sentir a vontade, ando virado com a paciência. O tempo é tão grande e eu tão pequeno, isso realmente foge do meu controle. Não dá pra ficar assim esperando, é melhor o movimento, mas não se tem escolha, a vida dá as cartas e ficamos a mercê das coisas. Talvez eu possa recuperar o controle, talvez isso tudo seja um sonho, talvez eu acorde índio e não tenha mais tantos pesadelos, talvez eu encontre o caminho para Ítaca, talvez eu encontre a clareza do pensamento.

Um comentário:

marcelo grejio cajui disse...

Quimera. alquimistas... jornalistas... filósofos... filmes...livros... HQs...

um fluxo de informações expresso como vivemos.

Desordem!