quarta-feira, 25 de junho de 2008

Hoje

Hoje o sol nasceu meio torto, meio fosco, mas dá pra notar sua incessante energia que nos motiva a querer, que nos renova e dá forças para conquistar novos horizontes e nos conhecer melhor. Hoje a lua brilhou diferente, como se fosse exclusivamente para ti, para nós, para os seus e para os meus. Nossas ironias, nossos devaneios, até então meio ocupados, agora se encontram com a realidade, e eu sei realmente onde vai dar, como a lua toca o mar e como a aurora chega sem hesitar, me encorajo só pra te dizer, que na minha vida fico feliz só de pensar…que tenho você.

A Espera do Sol

Passei pela rua e nao tinha ninguem, pois ninguem se via, já que ninguém se olhava. Nao eram homens, eram maquinas, maquinideos transeuntes pela guia de um complexo sistema canídeo, o centro de usinagem mental, via-se lixo em tudo pois tudo era lixo, amontoados como entulho e amarrados para além dos sorrisos fabricados e embalados, e assim se erguiam sobre montes e pedras. A paralisia mental gerada e alastrada sob as nádegas de uma civilização, compactada sobre olhares curiosos em pequenos pedaços de terra gerava mau cheiro, era incompreensível, estava além do entendimento de quem ainda estava são.
A ética assassinada em uma esquina qualquer, a moral seqüestrada e abandonada, esperava por dias de luz sem que alguém achasse um motivo para pagar o preço de seu resgate, foi esquecida, não tinha demanda, portanto já não tinha mais preço.
E o circo dos horrores estava de pé, apesar do céu escuro e chuvoso, todos gargalhavam e dançavam como primatas. Todos estavam surdos e assim gritavam ainda mais alto, se matavam por pedaços de papel, se encoleiravam para se divertir, e assim continuei andando, de olhos fixos no horizonte, ansioso, pois o sol teimava em nascer, e assim tive duvidas se o veria de novo, tive saudades do alvorecer, sentei e esperei pelo sol, na esperança de o futuro ainda voltar a existir.

Escrito Por Entre Céus e Pedras

Está escrito por entre ceus e pedras, a verdade absoluta que não quer calar. Tenho andado por entre becos e vilas a procura do entendimento, tenho encontrado anciãos e espadas, sacerdotes e badulaques. Por entre a tarde cinzenta me esquivo, sem pensar. A uma muralha de concreto. Há inúmeras muralhas, como a do velho mundo. Amanhã será dia de reis e rainhas. Posso ver pela fechadura da porta o movimentar das carruagens, o movimentar da esfinge. A saudação desse novo elo histórico vem banhada de cinza e vento. Tem o nome que não se sabe pronunciar, tem os dentes mais afiados que alguém pode notar. Parece noite e vejo as manobras dos exércitos, os estandartes e a velha trombeta, há homens vestidos de guerra e há crianças vestidas de paz, como na comuna antiga e decadente dos ócios do poder, há jovens gritando por liberdade e velhos cantando hinos de guerra. Nunca pude notar a estranheza desse fato, a deturpação da idade e a inocência perdida numa tarde de sábado. Como canções que se guardam na mente para o dia de nunca mais, como as estrelas que sonhamos e os sonhos que não realizamos. Tudo começa perfeito, mas depois começa haver o medo, e trava-se uma batalha porque temos algo a perder, não temos nada a ganhar, é como dar as mãos sem esperar nada, é como dar um longo beijo sem querer amar, é como estudar sem querer aprender, é como amar sem querer ser amado. O mundo é sujo e cruel, derruba os fracos e também os fortes, atônitos muitos caem, mas há quem fique de pé e espere pela próxima trombada. Há quem grita insubordinadamente e quem não consegue dar um pio sem que haja um sentido. É sempre noite quando somos adultos e sempre dia quando somos crianças, é como o milagre da vida, é como o nascer de um novo dia. Não há ninguém aqui, posso sentir apenas uma leve neblina cobrindo minha visão nesta noite escura. Quero encontrar um caminho, as bandeiras ainda estão hasteadas, ainda há tempo. Como um raio rasga a escuridão da noite, consigo uma trégua, nesta imensidão cinzenta, e um recomeço se anuncia. É dia. É noite. É colorido como o desenho de uma criança, não há regras e nem limites, é como quer que seja, é o mundo que você um dia quis. Não e perfeito e nem avesso, como uma nova historia se anuncia, esta escrito, simplesmente, para que seja escrito.